Autor:
João Passos
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É
muito estranho o que sinto neste momento para escrever este texto com um tema
ou título tão pesado. Mas é assim que me sinto, infelizmente, maldito! Sou
católico nato; Nasci sob as leis da Igreja Católica Romana e abominei todas as
outras religiões. Santa ignorância! Criado sobre a insígnia das leis papal,
obedeci todos os mandamentos que rege a Santa Igreja Católica. Hoje, como de
costume fomos à missa. Eu, minha mulher e meu filho de cinco anos. Em especial,
neste dia, data de seu aniversário. Chegamos muito cedo, e pude observar que em
pouco tempo todos os bancos estavam ocupados. A cerimônia era acompanhada com
alegria e entusiasmo. Oras, com oração intercalada com cânticos e louvores.
Mas, num determinado momento da missa, o padre convidou os fiéis a participarem
da Eucaristia. Ato em que o pão e o vinho representam o corpo e o sangue de
Cristo. Todos foram convidados a se dirigem a uma fila, no centro da igreja,
para receberem, das mãos do padre, a hóstia consagrada. Neste momento, eu e
minha esposa ficamos onde estávamos, apenas a observar aquele ato. O nosso
corpo fervilhava com o desejo de fazer parte daquele momento divino, mas não
podemos! Segundo as normas de nossa querida Igreja, não podemos comungar, pois
estamos em pecado. Vivemos em adultério, fornicação. Sabemos de nossa
condenação! Fui casado com outra pessoa, e ela também. E como diz a célebre
frase: ”O que Deus uniu, o homem não separa”. Triste condenação! Olhamos para o
lado e estamos quase sozinhos. O ritual continua. Quando de repente sou
surpreendido por duas mãozinhas a puxar me, pela gola de minha camisa; Era meu
filho, de apenas cinco anos de idade, e logo fez uma pergunta. ”Papai o que é
aquilo que o padre está dando para as pessoas?” Olho nos seus olhinhos curiosos
e respondo baixinho. É a hóstia consagrada, filho! E ele me interroga! E o que
é a hóstia consagrada, papai? Filho, a hóstia consagrada representa o pão da
vida. Representa Deus. Ele olha novamente para mim e pergunta em voz alta,___
ora mais e por que é que o senhor e a mamãe não vão receber o pão da vida.
Vocês estão vivo! Olhei para ele, em sua inocência, e senti um entalo na
garganta, descendo pelo peito, rumo ao coração, fechando me por dentro. Como
poderia dizer para ele, que o principal motivo de não comungarmos era
exatamente a minha relação conjugal com sua mãe, e que ele, é o fruto deste
pecado. Mas preferi ficar calado. Sobre o altar, inúmeras pessoas que com o
jugo de juízes do apocalipse, poderiam facilmente lembrar nos, que nós não
podemos comungar. Nos sentimos como os últimos dos desgraçados, condenados, sem
absolvição. Ao olharmos para os lados observamos alguns casais na mesma
situação. Condenados! A missa chega ao final. O padre dar a benção e ousamos a
fazer o sinal da cruz. Calados, taxados, vigiados,... mas aliviados em não nos
proibirem de receber o poder da benção. Saímos da Igreja de mãos dadas, como de
costume, mas naquela noite foi diferente. Meu filho completava cinco aninhos de
idade. Olhei para traz rumo ao altar e tive a sensação que faltou algo para a
noite ser completa. As portas da igreja se fecharam, e em um pequeno banco
fomos sentar. Olhei para os céus e tive uma estranha sensação de que estava
errado. Ninguém pode nos condenar. Abracei meu filho e minha mulher, e recebi a
mais linda forma de amor, quando ele nos abraçou e disse: Papai e mamãe eu amo
vocês. Naquele momento o céu desabou. Foi aí que eu entendi o verdadeiro amor
de Deus, não está nos vetos dos homens, crendices e rituais; mas na magia da
vida, e como essência divina, se mostra na verdadeira face de Deus. Naquela
noite não pude dar o presente que meu filho pediu, a hóstia consagrada, mas
entendi que ele é o presente que Deus nos deu. Mais que uma simples hóstia, Ele
é o fruto do verdadeiro amor que nos uniu, sem nenhuma condenação.
Seguimos nosso caminho para casa, sem olharmos para traz, com a certeza que o
pão da vida está conosco. Amém.
Autor:
João Passos
Fonte: Blog do Coveiro
Oferecimento:
Restaurante & Lanchonete Rambura.
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